Primeira Guerra Mundial: A Grande
Guerra
Soldados
em trincheira na cidade de Galípoli, Turquia, 1915. Uma das características
principais da Primeira Guerra Mundial foi o uso das trincheiras1
A Primeira
Guerra Mundial, que durou de 1914 a 1918, foi considerada por muitos de
seus contemporâneos como a mais terrível das guerras. Por este motivo,
tornou-se conhecida durante muito tempo como “A Grande Guerra”. Para se
compreender os motivos de ter sido uma guerra tão longa e de proporções
catastróficas é necessário relembrar alguns aspectos do cenário político e
econômico mundial das últimas décadas do século XIX.
Na
segunda metade do século XIX, a junção entre capitalismo financeiro e
capitalismo industrial proporcionou a integração econômica mundial,
favorecendo assim, principalmente, as nações que haviam começado seu processo
de industrialização. Essas mesmas nações expandiram significativamente seu
território em direção a outros continentes, sobretudo ao Asiático, ao Africano
e à Oceania. A Inglaterra, por exemplo, integrou grandes países ao seu Império,
como a Índia e a Austrália. Todo esse processo é conceitualmente tratado pelos
historiadores como Imperialismo e Neocolonialismo. Nesse
cenário se desencadearam os principais problemas que culminaram no conflito
mundial.
No
início da década de 1870, a Alemanha promovia sua unificação com a Prússia e,
ao mesmo tempo, enfrentava a França naquela que ficou conhecida como Guerra
Franco-Prussiana. Ao vencer a França, a Alemanha possou a ter posse sobre uma
região rica em minério de ferro, que foi importantíssima para o desenvolvimento
de sua indústria, incluindo a indústria bélica. Tratava-se da região de Alsácia
e Lorena. A França, na década posterior à guerra contra a Alemanha, desenvolveu
um forte sentimento de revanche, o que provocava uma enorme tensão na fronteira
entre os dois países. A tensão se agravou quando Otto Von Bismarck, o líder da
unificação alemã, estabeleceu uma aliança com a Áustria-Hungria e com a Itália,
que ficou conhecida como Tríplice Aliança. Essa aliança estabelecia
tanto acordos comerciais e financeiros quanto acordos militares.
A
França, que se via progressivamente ameaçada pela influência que era
estabelecida pela Alemanha, passou a firmar acordos, do mesmo gênero da
Tríplice Aliança, com o Império Russo, czarista, em 1894. A Inglaterra, que era
um dos maiores impérios da época e também se resguardava do avanço alemão e
temia sofrer perdas de território e bloqueios econômicos, acabou se aliando à
França e à Rússia, formando assim a Tríplice Entente.
A tensão entre as duas alianças
se tornou crescente, especificamente em algumas regiões, como a península
balcânica. Na região dos Balcãs, dois grandes impérios lutavam para impor um
domínio de matiz nacionalista: o Austro-Húngaro e o Russo. A Rússia procurava
expandir sua ideologia nacionalista eslava (conhecida como Pan-eslavismo) e
apoiava a criação, nos Balcãs, do estado da Grande Sérvia, enquanto que a
Áustria-Hungria se aproveitava da fragilidade do Império Turco-Otomano (que
dominou esta região durante muito tempo) e procurava, com a ajuda da Alemanha,
estabelecer um controle na mesma região, valendo-se também de uma ideologia
nacionalista (conhecida como Pangermanismo). No ano de 1908, a região da
Bósnia-Herzegovina foi anexada pela Áustria-Hungria, o que dificultou a criação
da “Grande Sérvia”. Além disso, a Alemanha tinha interesses comerciais no
Oriente Médio, em especial no Golfo Pérsico, e pretendia construir uma ferrovia
de Berlim a Bagdá, passando pela península balcânica.
O
estopim para o conflito entre as duas grandes forças que se concentravam na
região dos Balçãs veio com o assassinato do arquiduque Francisco
Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria-Hungria, por um militante da
organização terrorista Mão Negra, de viés nacionalista eslavo. O
assassinato do arquiduque ocorreu em 28 de janeiro de 1914, em Sarajevo,
capital da Bósnia. Francisco Ferdinando tinha ido a Sarajevo com a proposta da
criação de uma monarquia tríplice para região, que seria governada por
austríacos, húngaros e eslavos. Sua morte acirrou os ânimos nacionalistas e
conduziu as alianças das principais potências europeias à guerra.

O assassinato de Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria-Hungria, na cidade de Sarajevo, foi considerado o estopim da Primeira Guerra2
A Áustria percebeu neste fatídico
acontecimento a oportunidade de atacar a Sérvia e demolir o projeto eslavo de
construção de um forte estado. Sendo assim, Áustria-Hungria e Alemanha deram um
ultimato à Sérvia para solucionar o caso do assassinato de Francisco
Ferdinando. A Servia negou-se a ceder à pressão dos germânicos e, com o apoio
da Rússia, sua aliada, preparou-se para o que veio a seguir: a declaração de
guerra por parte da Áustria-Hungria, que foi formalizada em 28 de julho de
1914. Logo a França ofereceu apoio à Rússia contra a Áustria-Hungria, o que fez
a Alemanha declarar guerra contra a Rússia e a França. O conflito logo se
expandiu para outras regiões do globo.
A guerra se intensificou quando o
exército alemão, que era o mais moderno da época, rumou em direção à França,
passando pelo território belga, que era neutro. Isso fez com que a Inglaterra,
aliada da Rússia, declarasse guerra à Alemanha. A partir desse momento, a
guerra ganhou proporções cada vez mais catastróficas. As principais formas de
tática militar eram a guerra de trincheiras, ou guerra de posição, que tinha
por objetivo a proteção de territórios conquistados; e a guerra de movimento,
ou de avanço de posições, que era mais ofensiva e contava com armamentos
pesados e infantaria equipada.
Ao longo da guerra, o uso de
novas armas, aperfeiçoadas pela indústria, aliado a novas invenções como o
avião e os tanques, deu aos combates uma característica de impotência por parte
dos soldados. Milhares de homens morreram instantaneamente em bombardeios ou
envoltos em imensas nuvens de gás tóxico. Essa característica produziu um alto
impacto na imaginação das gerações seguintes à guerra. Escritores como Erich
Maria Remarque, Ernst Jünger e J. J. R. Tolkien, que combateram na Primeira
Guerra, extraíram dela muitos elementos para composição de suas histórias.
O ano de 1917 foi decisivo no
contexto da “Grande Guerra”. Nesse ano, a Rússia se retirou do fronte de
batalha, haja vista que seu exército estava obsoleto e sua economia arruinada.
Foi neste ano também que os revolucionários bolcheviques fizeram sua revolução
comunista na Rússia, fato crucial para a efervescência política europeia das
décadas seguintes. Foi ainda em 1917 que os Estados Unidos entraram na guerra
ao lado da Inglaterra e da França e contra a Alemanha, que já não mais tinha a
mesma força do início da guerra. Sendo que, após o fim da Primeira Guerra em
1918, os Estados Unidos tornaram-se a grande potência fora do continente
europeu.
A
“Grande Guerra” chegou ao fim em 1918, com vitória dos aliados da França e
grande derrota da Alemanha. O ponto mais importante a se destacar quanto ao fim
da guerra são as determinações do Tratado de Versalhes. Nessas
determinações, os países vencedores não aceitaram a orientação da Liga
das Nações de não submeter a Alemanha derrotada à indenização pelos
danos da guerra. Sendo assim, a Alemanha foi obrigada a ceder territórios e a
reorganizar sua economia tendo em conta o futuro ressarcimento aos países
vencedores da Primeira Guerra, sobretudo a França.
O saldo de mortos durante os
cinco anos da Primeira Guerra foi de um total de 8 milhões, dentre estes,
1.800.000 apenas de alemães. Esse tipo de mortandade acelerada e terrivelmente
impactante tornou a se repetir a partir de 1939, com a Segunda Guerra Mundial.
https://www.youtube.com/results?search_query=Primeira+Guerra+Mundial
kailany Castilho
Revolução Russa de 1917
A Revolução Russa de 1917
foi uma série de eventos políticos na Rússia, que, após a eliminação da
autocracia russa, e depois do Governo Provisório (Duma), resultou no
estabelecimento do poder soviético sob o controle do partido bolchevique. O
resultado desse processo foi a criação da União Soviética, que durou até 1991.
No começo do século XX, a
Rússia era um país de economia atrasada e dependente da agricultura, pois 80%
de sua economia estava concentrada no campo (produção de gêneros agrícolas).
Rússia Czarista
Os trabalhadores rurais
viviam em extrema miséria e pobreza, pagando altos impostos para manter a base
do sistema czarista de Nicolau II. O czar governava a Rússia de forma
absolutista, ou seja, concentrava poderes em suas mãos não abrindo espaço para
a democracia. Mesmo os trabalhadores urbanos, que desfrutavam os poucos
empregos da fraca indústria russa, viviam descontentes com o governo do czar.
No ano de 1905, Nicolau
II mostra a cara violenta e repressiva de seu governo. No conhecido Domingo
Sangrento, manda seu exército fuzilar milhares de manifestantes. Marinheiros do
encouraçado Potenkim também foram reprimidos pelo czar.
Começava então a formação
dos sovietes (organização de trabalhadores russos) sob a liderança de Lênin. Os
bolcheviques começavam a preparar a revolução socialista na Rússia e a queda da
monarquia.
A Revolução compreendeu duas fases distintas:
- A
Revolução de Fevereiro de 1917(março de 1917, pelo calendário ocidental),
que derrubou a autocracia do Czar Nicolau II da Rússia, o último Czar a
governar, e procurou estabelecer em seu lugar uma república de cunho
liberal.

Czar da Rússia Nicolau II
- A
Revolução de Outubro (novembro de 1917, pelo calendário ocidental), na
qual o Partido Bolchevique, liderado por Vladimir Lênin, derrubou o
governo provisório e impôs o governo socialista soviético.

1º presidente do Partido Bolchevique e líder da União Soviética Vladmir Ilitch Ulianov
Lênin
O Governo Provisório e o Soviete de Petrogrado
O Governo Provisório iniciou
de imediato diversas reformas liberalizantes, inclusive a abolição da
corporação policial e sua substituição por uma milícia popular. Mas os líderes
bolcheviques, entre os quais estava Lenin, formaram os Sovietes (Conselhos) em
Petrogrado e outras cidades, estabelecendo o que a historiografia,
posteriormente, registraria como ‘duplo poder’: o Governo Provisório e os
Sovietes.
Lenin foi o primeiro
dirigente da URRS. Liderou os bolcheviques quando estes tomaram o poder do
governo provisório russo, após a Revolução de Outubro de 1917 (esta sublevação
ocorreu em 6 e 7 de novembro, segundo o calendário adotado em 1918; em
conformidade com o calendário juliano, adotado na Rússia naquela época, a
revolução eclodiu em outubro). Lenin acreditava que a revolução provocaria
rebeliões socialistas em outros países do Ocidente.
Ao expor as chamadas
Teses de abril, Lenin declarou que os bolcheviques não apoiariam o Governo
Provisório, e pediu a união dos soldados numa frente que viesse pôr fim à
guerra imperialista (I Guerra Mundial) e iniciasse a revolução proletária, em
escala internacional, idéia que seria fortalecida com a propaganda de Leon
Trotski. Enquanto isso, Alexandr Kerenski buscava fortalecer a moral das
tropas.
No Congresso de Sovietes
de toda a Rússia, realizado em 16 de junho, foi criado um órgão central para a
organização dos Sovietes: o Comitê Executivo Central dos Sovietes que
organizou, em Petrogrado, uma enorme manifestação, como demonstração de força.
Lucas lulini
