quarta-feira, 13 de abril de 2016

COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NA AMÉRICA
COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NA AMÉRICA

·         Até o século XIX, não havia, portando, uma história do Brasil propriamente dita. Pois não havia nenhuma noção de unidade entre os nativos.  Havia simplesmente, um Império Português, formado por uma metrópole – Portugal – e muitos territórios coloniais, espalhados pela América, Ásia e África. Até aquele século, tudo o que se passou no Brasil era considerado parte da história de Portugal;

·         Ao contrário dos movimentos expansionistas anteriores (impérios Persas, Assírio, Romano na antiguidade, Han dos chineses, Mongol na Ásia, Mali e Songai na África), que buscavam se apossar de massas territoriais contínuas, os portugueses conquistaram em primeiro lugar, o Oceano Atlântico;

·         A colonização ultramarina portuguesa iniciou-se em meados do século XV quando, após a tomada de Ceuta, no norte da África, teve início à colonização dos arquipélagos dos Açores e Madeira, até então desabitados. Produtos agrícolas passaram a auxiliar o povoamento da região, que desempenhava importante papel no processo de exploração do litoral africano (feitorias e fortalezas);

·         O ouro era o principal objetivo dos empreendimentos marítimos;

·         As autoridades portuguesas buscaram legitimar perante os demais poderes católicos europeus, e por intermédio do papa, a conquista de novas terras. Isso ocorreu através da bula papal Romanus Pontifex(1454). O documento voltava-se principalmente aos rivais de Portugal na Europa, proibidos de questionarem o monopólio lusitano sobre as terras descobertas;

·         Em 1494, foi assinado entre Portugal e Espanha o Tratado de Tordesilhas, para resolver a disputa em torno das descobertas de Colombo (atingiu as Índias navegando pelo ocidente), Portugal preocupou-se em garantir suas rotas marítimas no Atlântico Sul. Uma linha imaginária que passava a 370 léguas a oeste de Cabo Verde, as terras a oeste pertenceria à Espanha e a leste era de domínio Português;

·         Com seus navios fortemente armados, os portugueses conquistaram Goa (1910), Málaca (1511) e Ormuz (1515), consolidando o Estado da Índia.

·         Os portugueses levaram a Ásia, África e América, a religião cristã, com suas crenças, cultos, imagens e visões de mundo, além de formas de vestimentas, alimentação e comportamento que serviram para alterar os costumes e modos de vida das populações nativas. Em muitos casos, o contato com os portugueses desestabilizou as relações entre os nativos, causou uma alta mortalidade nas populações nativas;

O INÍCIO DA EXPLORAÇÃO DO TERRITÓRIO

·         Em abril de 1500, a expedição comandada por Pedro Álvares Cabral aportou no sul da Bahia, mais nem de longe despertou o mesmo entusiasmo causado pelo lucrativo comércio de especiarias da Índia;

·         Assim como o litoral africano, os portugueses iniciaram a exploração do território brasileiro utilizando o sistema de feitorias. Nos anos iniciais a principal riqueza era o pau-brasil, que era explorado em regime de escambo com os índios;

·         Nos primeiros anos após a conquista portuguesa, a costa brasileira era constantemente visitada por mercadores marinheiros franceses, holandeses e ingleses, também interessados no corante vermelho para as manufaturas têxteis do norte da Europa;

·         A saída encontrada pelo rei português para manter o controle do território foi criar o sistema de capitanias hereditárias, em 1530, mais já testadas na Ilha da madeira e nos Açores, depois em Cabo Verde e São Tomé;

·         O rei doava uma faixa de terra a um súdito, que recebia o título de donatário, a posse era hereditária. Em tese, as terras doadas eram propriedade do rei, mas o donatário tinha a posse da terra e dispunha de todos os poderes políticos e judiciais sobre ela. Em contrapartida o donatário deveria garantir a defesa militar da capitania e estabelecer boas relações com a população indígena e missionária. Assim como organizar e desenvolver a produção local, montar um aparato administrativo e jurídico, e finalmente estimular o povoamento da capitania;

·         Esses donatários eram geralmente nobres, que possuíam posses, para assegurar a instalação de engenhos e investimentos nas capitanias;

·         As capitanias hereditárias começaram a ser criadas com a expedição de Martim Afonso de Souza (1530-1532). Foram criadas 15 capitanias e doadas a 12 donatários, cada capitania deveria abranger uma faixa de trinta léguas de norte a sul e cem léguas de leste a oeste;

·         Mas logo o sistema se capitanias demonstrou-se insuficiente, com exceção das capitanias de São Vicente e Pernambuco, nenhuma outra prosperou. Alguns donatários sequer conheceram suas capitanias. Conflitos entre os nativos e os colonos portugueses, à distância e a dificuldade de comunicação entre as capitanias e a falta de conhecimento e recursos de alguns donatários foram uns dos motivos que ocasionaram o fracasso;

·         O fracasso do sistema de capitanias impulsionou a centralização administrativa, e em 1548 foi criado o governo geral, sediado na Bahia de Todos os Santos, que foi convertida em capitania especial, por ser considerada estratégica devida sua posição geográfica privilegiadas, seu porto e sua facilidade de comunicação com a Europa. Logo Salvador desfrutou a condição de capital do Brasil, pelo menos até 1763, quando mudou para o Rio de Janeiro;

·         Tomé de Souza, foi o primeiro governador geral, chegou ao Brasil em 1549, trazendo sua vasta experiência ultramarina. Com eles vieram os primeiros missionários jesuítas, chefiados por Manoel de Nóbrega. No contexto da Reforma Religiosa, os jesuítas encaravam a América como um campo de expansão da Igreja Católica. Eles desempenharam um duplo papel, além da conversão da população nativa ao cristianismo, também a parceria com a Coroa na colonização do Brasil;

·         Durante o governo de Tomé de Souza a colonização portuguesa na América começava a prosperar, com a chegada de escravos africanos para trabalharem nas lavouras açucareiras;

·         Em 1555 uma expedição militar francesa se instalou na Baía de Guanabara (Rio de Janeiro) fundando a França antártica. Os franceses aliaram-se aos nativos e passaram a comercializar gêneros da terra com a Europa, após alguns anos de combate os franceses foram expulsos. Mas em 1612 os franceses criaram no Maranhão a chamada França Equinocial;

·         As primeiras referências a produção açucareira no Brasil datam da década de 1930, com o estabelecimento dos engenhos em São Vicente e Pernambuco, em um primeiro momento a mão de obra utilizada foi à indígena, porém a produção sé aumento quando é implantado o escravo africano;




O BRASIL AÇUCAREIRO

·         No século XVI, as principais regiões canavieiras do Brasil eram Pernambuco e Bahia, no século XVII houve ascensão do Rio de Janeiro e Maranhão. No século XVIII foi à vez se São Vicente conhecer o desenvolvimento do açúcar;

·         O engenho que utilizava moinhos cuja força motriz era hidráulica era chamado de real, enquanto o que era movido por força animal era chamado de trapiche;

·         O engenho era composto por: local de fabricação do açúcar (moenda, os fornos, a casa de purgar, os galpões de estoque), as senzalas, a casa grande, a capela, os canaviais e as roças;

·         A manufatura do açúcar era trabalho de grande complexidade: o plantio e o corte, seu transporte até a moenda, a trituração da cana, o aquecimento do caldo até a solidificação, a purga do açúcar, seu encaixotamento e distribuição. Além ainda dos feitores que cuidavam do trabalho e dos castigos dos escravos;

·         O trabalho era excessivo para o escravo, com uma carga horária que podia chegar a 20 horas, os escravos que trabalhavam na casa grande se sentiam privilegiados, pois lá o trabalho era visto como menos degradante;

·         Além do trabalho escravo, os engenhos empregavam os trabalhadores assalariados, livres e semilivres (carpinteiros, lavradores, médicos, feitores, mestre de purgar...);
Sempre que ouvimos falar da colonização portuguesa na América, lembramos logo dacolonização do Brasil. Será que o Brasil foi realmente descoberto pelos portugueses? Ou o processo de colonização portuguesa foi uma conquista?
colonização portuguesa no Brasil teve como principais características: civilizar, exterminar, explorar, povoar, conquistar e dominar. Sabemos que os termos civilizar, explorar, exterminar, conquistar e dominar estão diretamente ligados às relações de poder de uma determinada civilização sobre outra, ou seja, os portugueses submetendo ao domínio e conquista os indígenas. Já os termos explorar, povoar remete-se à exploração e povoamento do novo território (América).
A partir de então, já sabemos de uma coisa, que o Brasil não foi descoberto pelos portugueses, pois afirmando isto, estaremos negligenciando a história dos indígenas (povoadores) que viviam há muito tempo neste território antes da chegada dos europeus. Portanto, o processo de colonização portuguesa no Brasil teve um caráter semelhante a outras colonizações europeias, como, por exemplo, a espanhola: a conquista e o extermínio dos indígenas. Sendo assim, ressaltamos que o Brasil foi conquistado e não descoberto. 
A Coroa portuguesa, quando empreendeu o financiamento das navegações marítimas portuguesas no século XV, tinha como principal objetivo a expansão comercial e a busca de produtos para comercializar na Europa (obtenção do lucro), mas não podemos negligenciar outros motivos não menos importantes como a expansão do cristianismo (Catolicismo), o caráter aventureiro das navegações, a tentativa de superar os perigos do mar (perigos reais e imaginários) e a expansão territorial portuguesa (territórios além-mar).
No ano de 1500, os primeiros portugueses chegaram ao chamado “Novo Mundo” (América), e com eles o navegador Pedro Álvares Cabral desembarcou no litoral do novo território. Logo, os primeiros europeus tomaram posse das terras e tiveram os primeiros contatos com os indígenas denominados pelos portugueses de “selvagens”. Alguns historiadores chamaram o primeiro contato entre portugueses e indígenas de “encontro de culturas”, mas percebemos com o início do processo de colonização portuguesa um “desencontro de culturas”, começando então o extermínio dos indígenas tanto por meio dos conflitos entre os portugueses quanto pelas doenças trazidas pelos europeus, como a gripe e a sífilis.
Entre 1500 a 1530, os portugueses efetivaram poucos empreendimentos no novo território conquistado, algumas expedições chegaram, como a de 1501, chefiada por Gaspar de Lemos e a expedição de Gonçalo Coelho de 1503, as principais realizações dessas expedições foram: nomear algumas localidades no litoral, confirmar a existência do pau-brasil e construir algumas feitorias.
Em 1516, Dom Manuel I, rei de Portugal, enviou navios ao novo território para efetivar o povoamento e a exploração, instalaram-se em Porto Seguro, mas rapidamente foram expulsos pelos indígenas. Até o ano de 1530, a ocupação portuguesa ainda era bastante tímida, somente no ano de 1531, o monarca português Dom João III enviou Martin Afonso de Souza ao Brasil nomeado capitão-mor da esquadra e das terras coloniais, visando efetivar a exploração mineral e vegetal da região e a distribuição das sesmarias (lotes de terras).
No litoral do atual estado de São Paulo, Martin Afonso de Souza fundou no ano de 1532 os primeiros povoados do Brasil, as Vilas de São Vicente e Piratininga (atual cidade de São Paulo). No litoral paulista, o capitão-mor logo desenvolveu o plantio da cana-de-açúcar; os portugueses tiveram o contato com a cultura da cana-de-açúcar no período das cruzadas na Idade Média. 
As primeiras experiências portuguesas de plantio e cultivo da cana-de-açúcar e o processamento do açúcar nos engenhos aconteceram primeiramente na Ilha da Madeira (situada no Oceano Atlântico, a 978 km a sudoeste de Lisboa, próximo ao litoral africano). Em razão da grande procura e do alto valor agregado a este produto na Europa, os portugueses levaram a cultura da cana-de-açúcar para o Brasil (em virtude da grande quantidade de terras, da fácil adaptação ao clima brasileiro e das novas técnicas de cultivo), desenvolvendo os primeiros engenhos no litoral paulista e no litoral do nordeste (atual estado de Pernambuco), a produção do açúcar se tornou um negócio rentável.
Para desenvolver a produção do açúcar, os portugueses utilizaram nos engenhos a mão de obra escrava, os primeiros a serem escravizados foram os indígenas, posteriormente foi utilizada a mão de obra escrava africana, o tráfico negreiro neste período se tornou um atrativo empreendimento juntamente com os engenhos de açúcar.
Leandro Carvalho
Mestre em História
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:
CARVALHO, Leandro. "Colonização do Brasil "; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiab/colonizacao-brasil.htm>. Acesso em 13 de abril de 2016.

A SOCIEDADE MINERADORA

A CORRIDA DO OURO
  Por volta de 1693, Antônio Rodrigues Arzão descobriu ouro perto de onde hoje é a cidade de Sabará. Nos anos seguintes, foram descobertas novas minas de ouro, como as de Vila Rica, hoje Ouro Preto. Daí o nome "minas gerais".
  Assim que a notícia se espalhou, afluíram ao sertão mineiro milhares de pessoas das mais diversas origens e condições sociais. Vinham de Portugal, do Rio de Janeiro, da Bahia, de São Paulo e de vários outros pontos do território colonial, atraídas pela ideia de riqueza fácil. Da África foram trazidos milhares de indivíduos escravizados para trabalhar na mineração. Mas ao chegar à região das minas, essas pessoas tinham uma desagradável surpresa: não havia o que comer, onde morar, o que vestir...
Imagem de J. M. Rugendas que retrata uma mina de ouro
  Nos primeiros anos da mineração, ninguém se preocupava em plantar ou criar. Ocupavam-se apenas com o ouro. Por isso, a região passou por várias crises de fome; as pessoas abandonavam as vilas e se refugiavam  no mato em busca de raízes e frutas. Mas, com o tempo, a população começou a plantar roças de milho e feijão e a criar porcos e galinhas. E, usando o ouro como moeda, passou a comprar de outras regiões aquilo de que necessitava.
A GUERRA DOS EMBOABAS
  Nos primeiros anos de mineração, ocorreram vários conflitos na região das minas. O maior deles teve origem na disputa pelo ouro entre os paulistas, que o descobriram, e os recém-chegados (portugueses e pessoas de outras regiões do Brasil), que queriam explorá-lo. Os portugueses calçavam botas altas e por isso foram apelidados pelos paulistas de "emboabas" , palavra de origem tupi que significa  "aves de pés emplumados".
Imagem de J. M. Rugendas que mostra a Guerra dos Emboabas
  Esse conflito, conhecido como Guerra dos Emboabas (1707-1709), terminou com a vitória dos emboabas. Seu líder, o comerciante português Manuel Nunes Viana, foi aclamado governador, e a capitania do Rio de Janeiro foi separada da de São Paulo e das Minas. Para controlar melhor a população, o governo fundou vilas nos povoados mais populosos. A primeira delas foi a do Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo, em 1711, atual Mariana. Depois surgiram Vila Rica, Sabará, São João del Rei, Vila Nova da Rainha (Caeté) e Vila do Príncipe (Serro).
O CONTROLE SOBRE O OURO
  Iniciada a mineração, o rei de Portugal criou, em 1702, a Intendência das Minas, órgão encarregado de controlar a exploração do ouro, cobrar impostos e julgar os crimes praticados na região.
  A partir de então, quando o minerador descobria uma mina, era obrigado por lei a informar ao intendente. Este mandava dividir a mina em lotes auríferos chamados datas. O descobridor tinha direito a escolher duas datas; a seguinte era reservada ao rei. As outras eram distribuídas entre os mineradores; as maiores iam para quem tivesse mais escravos.
Imagem de J. M. Rugendas, onde vê-se a representação de uma lavra, um tipo de exploração do ouro feitas em grandes jazidas com mão de obra escrava.
  Ao mesmo tempo em que incentivava a extração do ouro, a Intendência criava e cobrava pesados impostos; impostos sobre homens livres e escravizados, sobre tecidos, ferramentas, gêneros agrícolas e, é claro, sobre o ouro. O mais importante deles era o quinto (20% de todo o ouro extraído).
  A cobrança era feita, sobretudo, nas estradas que ligavam Minas Gerais ao Rio de Janeiro, a São Paulo e à Bahia, sempre policiadas por soldados  (dragões do Regimento das Minas). Quanto maior a opressão fiscal, mais a população reagia, praticando o contrabando: escondia ouro entre os dedos dos pés, nos saltos e nas solas das botas, entre doces e salgados que as quitandeiras carregavam em seus tabuleiros, dentro das estátuas de santos...
Santo do pau oco - uma forma dos mineradores esconderem o ouro e os diamantes das autoridades portuguesas
REVOLTA DE VILA RICA (1720)
  O contrabando de ouro aumentava, e o governo português apertava o cerco. Para dificultar o desvio, em 1719 criou as Casas de Fundição, locais onde o ouro era transformado em barras, selado e quintado - ou seja, tinha extraída a sua quinta parte como imposto. Das Casas de Fundição, o ouro seguia para a Provedoria da Fazenda Real - órgão do governo português responsável pelo recolhimento do ouro do território colonial -, de onde era levado para o Rio de Janeiro, sob forte escolta dos dragões da Capitania de Minas Gerais.
Edifício onde funcionou a Casa de Fundição de Vila Rica de Ouro Preto
  A criação das Casas de Fundição aumentou a insatisfação das pessoas, que já reclamavam do alto preço dos alimentos, e acabou ocasionando uma revolta em Vila Rica, em 1720. As principais exigências dos rebeldes eram:
  • a redução do preço dos alimentos;
  • a anulação do decreto que criava as Casas de Fundição.
  A revolta foi duramente reprimida. Seus principais líderes, o tropeiro Felipe dos Santos e o minerador Pascoal da Silva Guimarães, foram presos. Felipe dos Santos foi morto e teve seu corpo feito em pedaços e exposto nas margens das estradas. O Arraial do Ouro Podre, onde ficava a mina de ouro de Pacoal da Silva, foi inteiramente queimado por ordem do governador. Adotando o princípio de dividir para governar, o rei de Portugal separou Minas Gerais de São Paulo, criando em 1720 a capitania das Minas Gerais.
Representação da morte de Felipe dos Santos
O CONTROLE SOBRE OS DIAMANTES
  No Arraial do Tijuco, atual cidade de Diamantina, as  autoridades portuguesas também atuaram de forma violenta. Assim que o rei soube da existência de diamantes no Tijucio, mandou expulsar os antigos moradores do local, dividiu as terras em lotes, separou para si o lote em que havia uma grande mina e leiloou os demais entre os homens brancos da região. Para administrar e policiar a área, criou aIntendência dos Diamantes (1734).
Imagem que mostra o Arraial de Diamantina
  O intendente tinha poder de vida e de morte sobre os habitantes do local e estimulou a prática da delação. Bastava alguém ser acusado de estar escondendo um diamante para que fosse preso e expulso da capitania de Minas.
  O rei de Portugal chegou a arrendar a extração de diamantes a contratadores, homens que recebiam o direito de explorar as valiosas pedras em troca de uma parte da riqueza. Um desses contratadores, João Fernandes de Oliveira, ficou conhecido por ter acumulado fortuna e por ter vivido maritalmente com sua ex-escrava, Chica da Silva. Posteriormente, em 1771, o governo acusou os contratadores de enriquecimento ilícito e reassumiu o controle sobre os diamantes.
Zezé Mota - atriz que interpretou Xica da Silva no filme de Cacá Diegues em 1976
MINERAÇÃO E MERCADO INTERNO
  A mineração de ouro e de diamantes contribuiu para uma série de mudanças no Brasil, dentre elas, destacam-se:
  • a ocupação e o povoamento de vastas áreas do interior brasileiro;
  • o florescimento da vida urbana, contribuindo para o nascimento de várias vilas e cidades;
  • mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro (1763), único porto por onde o governo português permitia que se embarcasse o ouro;
  • a consolidação do mercado interno, já que a população das regiões mineiras (atuais Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás) comprava com ouro em pó de várias partes do Brasil aquilo de que necessitava. Do Nordeste vinham gado, couro e farinha de mandioca; do Rio de Janeiro, africanos escravizados e artigos europeus (vidros, louças, tecidos, ferramentas); de São Paulo, milho, trigo, marmelada; do Sul, cavalos, bois, mulas e charque.
A SOCIEDADE MINERADORA
  A população de Minas Gerais, em 1776, era composta de 70.769 brancos, 82 mil pardos e 167 mil negros. Assim, 78% da população de Minas Gerais era formada de negros e mestiços. E eles eram, quase todos, muito pobres. Hoje, sabe-se que foram poucos os ricos no solo mais rico da América no século XVIII.
Os ricos
  Na região mineradora, as maiores fortunas pertenciam quase sempre aos grandes comerciantes, e não aos donos das minas. Um exemplo: Manuel Nunes Viana, o líder dos emboabas, enriqueceu vendendo gêneros alimentícios para os armazéns e carne para os açougueiros mineiros. Os tropeiros, homes que comerciavam mulas, cavalos, gado de corte, também conseguiram prosperar, chegando a se destacar na sociedade mineira.
Figura que retrata um comboio de tropeiros
  Já entre os donos de minas, foram poucos os que enriqueceram. O motivo é simples: boa parte do que ganhavam, servia ao pagamento de impostos ou era gasta com a compra de mão de obra e de artigos importados, como ferramentas, vinhos, tecidos, trigo, queijos e doces.
As camadas médias 
  Em Minas Gerais, no século XVIII, houve o crescimento também das camadas médias: pequenos lavradores, artesãos (carpinteiros, alfaiates, ourives), profissionais liberais (advogados, médicos), padres, garimpeiros (pessoas que mineravam com dois, três, cinco escravos), donos de vendas e artistas. Alguns artistas da região aurífera (entalhadores, músicos, pintores) alcançaram grande prestígio na sociedade do ouro.
Obras de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, em frente ao Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas - MG
  Os roceiros plantavam milho, arroz, feijão, mandioca, cultivavam plantas frutíferas e hortaliças e criavam porcos. Porcos e galinhas andavam pelas ruas e casas, em meio às pessoas. Nos últimos anos do século XVIII, desenvolveu-se também a criação de vacas leiteiras e a fabricação de queijo, que pouco a pouco foi se tornando muito conhecido.
Os homens livres pobres
  Nas capitanias do ouro viva também grande número de homens livres pobres. Eles perambulavam pelos arraiais pedindo esmola e comida, brigando nas vendas ou praticando pequenos furtos. Por não terem ocupação nem posição social definida, foram chamados pela historiadora Laura de Melo e Souza de "desclassificados".
  Abandonados à própria sorte, moravam em casebres que dividiam com outros marginalizados ou com mulheres igualmente pobres. Negros e mestiços em sua imensa maioria, os homens livres pobres eram perseguidos e chamados de vadios pelas autoridades.
  Mas, quando essas mesmas autoridades precisavam de pessoas para serviços pesados ou perigosos, procuravam esses homens. Então, eles deixavam de ser taxados de vadios. Eram chamados para construir obras públicas (estradas, ruas, presídios), fazer a segurança pessoal dos ricos, combater os botocudos (grupo indígena da região) e destruir quilombos (Minas colonial foi a região com o maior número de quilombos do Brasil).
Os escravizados
  O dia a dia dos escravizados nas regiões mineiras era particularmente difícil. Eles trabalhavam em pé, curvados e com as pernas mergulhadas na água até a altura do joelho ou da cintura. Ou então em túneis cavados nas encostas dos morros, onde era comum ocorrer desabamentos e mortes.
  A bateia e o almocafre eram os dois principais instrumentos empregados na mineração. O almocafre era uma enxada pequena e pontiaguda usada para remover o cascalho no leito dos rios e nas encostas. A bateia era uma espécie de prato grande, em forma de chapéu chinês. O trabalhador a girava e, por meio de movimentos circulares, ia separando o cascalho do ouro, em pó ou em pepitas, já que este, por ser mais pesado, ficava alojado no fundo.
Quadro de Tarsila do Amaral que mostra escravos trabalhando na mineração
  Os escravizados não realizavam apenas tarefas ligadas à mineração. Também transportavam mercadorias e pessoas, construíam estradas, casas e chafarizes, comerciavam pelas ruas e lavras - terrenos onde se praticavam a mineração. Alguns proprietários alugavam seus escravos a outras pessoas. Esses trabalhadores eram chamados de "escravos de ganho". Era o caso, por exemplo, das mulheres que vendiam doces e salgados em tabuleiros pelas ruas. As "negras de tabuleiro" eram conhecidas não só pelos seus quitutes, mas também por proteger escravos fugidos e por esconder ouros e diamantes entre os alimentos que vendiam, a fim de comprar a liberdade.
Quadro do italiano Carlos Julião retratando uma negra do tabuleiro
  Como se vê, a sociedade do ouro premiou poucos e castigou a maioria. Os habitantes das Minas, porém, não se calaram diante da escravidão, da pesada rede de impostos e de outras violências a que foram submetidos. Resistiam a tudo isso desobedecendo em silêncio, promovendo revoltas, desviando ouro e diamantes, reclamando à Justiça, fugindo para a mata e formando quilombos.
FONTE: Boulos Júnior, Alfredo. História: sociedade e cidadania, 8° ano / Alfredo Boulos Júnior. - São Paulo: FTD, 2009. (Coleção História: sociedade & cidadania).
A Sociedade Mineradora
A corrida do ouro 
Imagem de J. M. Rugendas que retrata a mina de ouro.
Guerra dos Emboabas 
Guerra dos Emboabas.




Com isso a Guerra dos Emboabas levou a sérias, nos quais:

· Regulamentação da distribuição de lavras entre emboabas e paulistas.

· Regulamentação da cobrança do quinto.

· Cisão da Capitania de São Vicente em Capitania de São Paulo e Minas de Ouro e Capitania do Rio de Janeiro, ligadas diretamente à Coroa em (03 de novembro de 1709).

· São Paulo deixa de ser vila, tornando-se cidade

· Acabam as guerras na região das minas, com a metrópole assumindo o controle administrativo da região.

· A derrota dos paulistas fez com que alguns deles fossem para o oeste onde, anos mais tarde, descobririam novas jazidas de ouro nos atuais estados do Mato Grosso do Sul, Matos e Goiás.

· A produção de ouro após o fim da guerra aumenta de tal modo via migração, que Minas Gerais tornam-se a região mais rica do Brasil da época.


Controle sobre o ouro


  

     Iniciada a mineração, o rei de Portugal criou a Intendência das Minas um órgão encarregado de controlar a exploração do ouro, cobrar impostos e julgar crimes praticados na região. Passada a fase inicial da exploração do ouro, passou-se a investir em novas técnicas de extração.

Impostos


     A Intendência criou e cobrava pesados impostos: impostos sobre homens livres e escravizados, sobre tecidos, ferramentas, genros agrícolas e, é claro, sobre o ouro. Tendo o mais importante deles foi o quinto Quinto (era um imposto cobrado pela Coroa portuguesa sobre o ouro encontrado em suas colônias; correspondia a 20% do metal extraído e era registrado em "certificados de recolhimento" pelas casas de fundição). A cobrança era feita, sobretudo, nas estradas que ligavam Minas Gerais ao Rio de Janeiro, a São Paulo e à Bahia, sempre policiadas por soldados (dragões do Regimento das Minas).


Imagem de J. M. Rugendas, onde vê-se a representação de uma lavra,  um tipo de exploração de ouro feitas em grandes jazidas com mão de obra escrava 



Revolta de Vila Rica 


    O contrabando de ouro aumentava, e o governo português apertava o cerco. Para dificultar o desvio, em 1719 criou as Casas de Fundição, locais onde o ouro era transformado em barras, selado e quitado. Das casas de Fundição, o ouro seguia para a Provedoria da Fazenda Real, de onde era levado para o Rio de Janeiro.
Barra de ouro quitado, 1811



   A criação das casas de fundição aumentou a insatisfação das pessoas, e acabou ocasionando uma revolta em Vila Rica, em 1720. As principais exigências dos rebeldes foram:



· A redução do preço dos alimentos;
· A anulação do decreto que criava as casas de fundição.

     Liderada por Filipe dos Santos, a revolta contou com a participação de vários integrantes do povo (principalmente pessoas mais pobres e da classe média de Vila Rica). Os revoltosos pegaram em armas e ocuparam alguns pontos de Vila Rica. Após chamar os revoltosos para negociar, o governador ordenou a prisão de todos que participaram da revolta. Para aumentar seu controle sobre a Colônia, o rei separou Minas Gerais de São Paulo, criando em 1720 a capitania de Minas Gerais.



Representação da morte de Felipe Santos.


O controle sobre os diamantes 





      No Arraial do Tijuco, assim que o rei soube da existência de diamantes, mandou expulsar os antigos moradores do local, dividiu as terras em lotes, separou para si o lote em que havia uma grande mina e leiloou os demais entre os homens brancos da região. Para administrar e policiar a área criou a Intendência dos Diamantes. Em 1739, o rei de Portugal arrendou a extração de diamantes a contratadores – homens que recebiam o direito de explorar as valiosas pedras em troca de uma parte da riqueza. Posteriormente, em 1771, o governo português acusou os contratadores de enriquecimento elícito e reassumiu o controle total sobre os diamantes.


A sociedade mineradora



     A população de Minas Gerais, em 1776, era composta de 70.169 brancos, 82.000 pardos e 167.000 negros. Observe o gráfico:





Os ricos



     Na região mineradora, as maiores fortunas pertenciam quase sempre aos grandes comerciantes, e não aos donos de minas. Os tropeiros, homens que comerciavam mulas, cavalos e gado de corte, também conseguiram prosperar, chegando a se destacar na sociedade mineira.     Já entre os donos de minas, foram poucos ao que enriqueceram. O motivo é simples: boa parte do que ganhavam servia ao pagamento de impostos ou eram gastos com a compra de mão de obra e de artigos importados como ferramentas, vinhos, tecidos, trigo, queijos e doces.


As camadas médias


     Em Minas Gerais, no século XVIII, houve um crescimento também das camadas médias: artesãos, profissionais liberais, padres, garimpeiros, donos de vendas e roceiros.


Gravura de Charles Landseer retrata tropeiro descansando junto à sua carga.


Os homens livres pobres


      Nas capitanias do ouro vivia também um grande numero de homens livres pobres. Eles perambulavam pelos arraiais pedindo esmola e comida, brigando nas vendas ou praticando pequenos furtos; moravam em casebres que dividiam com outros marginalizados ou com mulheres igualmente pobres. No qual serviam para as autoridades para fazer serviços pesados ou perigosos.





Os escravizados


            

    O dia a dia dos escravizados nas regiões mineiras era particularmente difícil. Não realizavam tarefas ligadas à mineração. Também transportavam mercadorias e pessoas, construíam estradas, casas e chafarizes, comerciavam pelas ruas e lavras.

     Como se vê, a sociedade do ouro premiou a poucos e castigou a maioria. Os habitantes da Minas, porem, não se calaram diante da escravidão, da pesada rede de impostos e de outras violências a que foram submetidos. Resistiam a tudo isso desobedecendo em silêncio, promovendo revoltas, desviando ouro e diamantes, reclamando à Justiça, fugindo para a mata e formando quilombos.
Quadro de Tarsila do Amaral que mostra escravos trabalhando na mineração.











     O Brasil passou por sensíveis transformações em função da mineração. A partir da descoberta da mina de ouro por Antônio Rodrigues Arzão, anos seguintes, foram descobertas novas minas de ouro, como as de Vila Rica, hoje Ouro Preto.
     Assim que a notícia da mina de ouro se espalhou, afluíram ao sertão mineiro milhares de pessoas das mais diversas, atraídas pela ideia de enriquecimento fácil.

               

     Nos primeiros anos de mineração, ninguém se preocupava em plantar ou criar. Com isso a região, passou por várias crises de fome. Mas, com o tempo a população começou a plantar roças de milho e feijão e criar porcos e galinhas. E, usando o ouro como moeda, passou a comprar de outras regiões aquilo que necessitavam.
     A Guerra dos Emboabas foi um confronto travado de 1707 a 1709, pelo direito de exploração das recém-descobertas jazidas de ouro, na região das Minas Gerais, no Brasil. O conflito contrapôs, de um lado, os desbravadores vicentinos, grupo formado pelos bandeirantes paulistas, que haviam descoberto a região das minas e que por esta razão reclamavam a exclusividade de explorá-las; e de outro lado um grupo heterogêneo composto de portugueses metropolitanos e migrantes das demais partes do Brasil, sobretudo da Bahia, liderados por Manuel Nunes Viana. Os portugueses calçavam botas altas e por isso foram apelidados pelos paulistas de emboabas, palavra de origem tupi que significa “aves de pés emplumados”. Esse conflito terminou com a vitória dos emboabas. O líder emboaba, o comerciante português Manuel Nunes Viana, ficou aclamado governador, e a capitania do Rio de Janeiro foi separada da se São Paulo e Minas e para melhorar, controlar a população, o Governador fundou vilas nos povoados mais populosos.


A Sociedade Mineradora
Desta estrutura social diferenciada faziam parte os setores mais ricos da população - chamados "grandes" da sociedade - mineradores, fazendeiros, comerciantes e altos funcionários, encarregados da administração das Minas e indicados diretamente pela Metrópole.
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Compunham o contingente médio, em atividades profissionais diversas, os donos de vendas, mascates, artesãos (como alfaiates, carpinteiros, sapateiros) e tropeiros. E ainda pequenos roceiros que, em terrenos reduzidos, entregavam-se à agricultura de subsistência. Plantavam roças de milho, feijão, mandioca, algumas hortaliças e árvores frutíferas. Também faziam parte deste grupo os faiscadores - indivíduos nômades que mineravam por conta própria. Deslocavam-se conforme o esgotamento dos veios de ouro. No final do século XVIII, esta camada social foi acrescida de elementos ligados aos núcleos de criação de gado leiteiro, dando início à produção do queijo de Minas.
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Incluíam-se também nessa camada intermediária os padres seculares. Na Colônia, poucos membros do clero ocupavam altos cargos como, por exemplo, o de bispo. Este morava na única cidade da capitania: Mariana.
Por outro lado, crescia na capitania real o número de indivíduos sujeitos às ocupações incertas. Vivendo na pobreza, na promiscuidade e muitas vezes no crime, não tinham posição definida na sociedade mineradora. Esta camada causava constante inquietação aos governantes. Ela era geralmente composta por homens livres: alguns brancos, mestiços ou escravos que haviam conseguido alforria.
O Estado, percebendo a necessidade de agir junto a essa população incapaz de prover seu próprio sustento, associou a repressão à "utilidade". O encargo que eventualmente representava transformava-se, através do castigo, em trabalhos diversos e, conseqüentemente, em "utilidade".
Imagem 3Esta população, entendida como de "vadios", recrutada à força ou em troca de alimento, foi utilizada em tarefas que não podiam ser executadas pelos escravos, necessários ao trabalho da empresa mineradora. Era freqüente a ocupação destes que eram vistos como desclassificados sociais na construção de obras públicas como presídios, Casa da Câmara, entre outras. Também compuseram corpos de guarda e de polícia privada dos "Grandes" da sociedade mineradora, ou ainda empregavam-se como capitães-do-mato. Em outras situações, como na disputa pela posse da Colônia do Sacramento, participaram dos grupos militares que guardavam as fronteiras do Sul.
Os escravos, ali como de resto em toda a Colônia, representavam a força de trabalho sobre a qual repousava a vida econômica da real capitania das Minas Gerais. Vivendo mal-alimentados, sujeitos a castigos e atos violentos, constituíam a parcela mais numerosa da população daquela região.
Isto gerava uma constante preocupação para as autoridades já que, apesar da repressão cruel, não eram raras as tentativas de levantes escravos e a formação de quilombos, como o do Ambrósio e o Quilombo Grande. A destruição de ambos, em 1746 e 1759 respectivamente, não impediu que ocorressem outras fugas e a formação de novos quilombos.